Lílian Gaspar https://liliangaspar.com.br/ Familia em Foco Wed, 05 Mar 2025 13:44:55 +0000 pt-PT hourly 1 https://liliangaspar.com.br/wp-content/uploads/2024/09/cropped-lg-32x32.png Lílian Gaspar https://liliangaspar.com.br/ 32 32 O CARNAVAL VERDE E ROSA DE ALICE https://liliangaspar.com.br/2025/03/05/o-carnaval-verde-e-rosa-de-alice/ https://liliangaspar.com.br/2025/03/05/o-carnaval-verde-e-rosa-de-alice/#comments Wed, 05 Mar 2025 13:44:53 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1968 Minha avó Alice era uma pessoa tranquila, alguém que preferia o aconchego do lar às festividades e ao burburinho das multidões. Festas, bailes e principalmente o carnaval na sua versão mais tradicional de salão, não eram o seu tipo de entretenimento. Mas havia uma exceção marcante no que diz respeito a essa animada celebração: ela nunca perdia a transmissão dos desfiles das escolas de samba e sempre assistia, alegremente, o espetáculo do carnaval carioca na Globo. Minha avó nutria uma fascinante paixão pela Estação Primeira de Mangueira. Não era apenas a música ou os enredos cuidadosamente elaborados que capturavam sua atenção, mas as vibrantes cores verde e rosa da Mangueira que realmente encantavam sua alma. Minha avó não era a única a ser tomada por esse fascínio pelo carnaval. Assim como ela, nunca fui de brincar o carnaval ou vestir fantasias coloridas, mas sempre fiquei intrigada pelos temas e pelas exuberantes fantasias. Aprendi com ela a admirar a criatividade e o talento por trás de cada detalhe, imaginando o desafio de sua elaboração. Entre a TV e o rádio: duas festas em uma As noites de carnaval em nossa casa tinham um algo a mais. Enquanto eu, minha avó, minha mãe e meu irmão assistíamos aos desfiles, dividíamos nossa atenção com o rádio. Meu pai, Cícero Henrique, na época diretor da Rádio Cidade, era a familiar voz por trás das transmissões ao vivo do carnaval de rua de Jundiaí. Estávamos tão perto de seu epicentro que, apenas baixando o som da TV, podíamos ouvir o carnaval de rua logo ali, nas proximidades de casa. Enquanto intercalávamos a nossa atenção entre a TV e o rádio, transformávamos nossa sala num verdadeiro clube de carnaval. Juntávamos confetes e serpentinas, jogando-os ao ar, dançando e celebrando como se estivéssemos entre as avenidas do Rio, sempre esperando ansiosamente a passagem da Mangueira. Ficávamos acordados até que a “estrela da noite” se apresentasse, não importava a hora que fosse. Muitas vezes, íamos dormir de madrugada, contrariando a minha rotina diária de criança. Era uma tradição fora do comum, com certeza, mas se tornava mágica com o entusiasmo e as ideias divertidas da minha avó. A bagunça e a emoção Imagine a cena em nossa sala: confetes cobrindo o chão como um tapete colorido, serpentinas penduradas por toda a parte, e nós, completamente tomados pela alegria da noite carnavalesca. Quando meu pai chegava em casa, era impossível não dar risada ao ver a bagunça que tínhamos feito. Ele mal conseguia atravessar pela sala sem tropeçar em nossa diversão. No dia seguinte, o árduo trabalho de limpar cabia à minha mãe, que se via recolhendo sacos e mais sacos de confete e serpentina, ainda que sem se queixar, pois aquelas noites eram de pura felicidade e união. Minha avó, por sua vez, fazia questão de assistir à apuração do carnaval, torcendo fervorosamente pela vitória da Mangueira. Ela não era alguém que torcia para um time de futebol, mas quando se tratava da Mangueira, se tornava a torcedora mais apaixonada. A voz da cidade A presença do meu pai no rádio era sempre notável. Na época, ele era diretor da Rádio Cidade, um cargo que lhe conferia não apenas prestígio, mas também uma conexão profunda com a comunidade local. Todas as manhãs, ele comandava com maestria o programa “Ação e Informação”. Sua voz, marcante e carismática, era reconhecida e aguardada por muitos ouvintes que queriam se informar e ouvir às diversas entrevistas que ele conduzia com personalidades importantes, especialmente do cenário político do país. Durante ocasiões especiais, como a apuração das eleições e o carnaval de rua, era ele quem assumia o comando das transmissões, trazendo aos ouvintes cada detalhe de eventos que tanto empolgavam a cidade. Sua capacidade de capturar a essência do carnaval com palavras fazia com que os ouvintes se sentissem parte da festividade, mesmo aqueles que estavam longe do evento. Tradições familiares A combinação da TV e da transmissão de rádio realizada pelo meu pai fazia daquelas noites algo único. São memórias como essas que valorizo, destacando como o carnaval, apesar de seu aparente caos e tumulto, foi para nós uma experiência de carinho e tradição familiar. Aquela bagunça na sala de estar, os risos, e os confetes espalhados ficaram como um símbolo de alegria e amor, lembrando-nos de que as festas mais bonitas às vezes acontecem nos lugares mais simples e com as pessoas que amamos. Essas eram as noites felizes em nossa casa – uma sinfonia de cores, sons e sentimentos, eternamente viva nas páginas do tempo em que a minha avó Alice conduzia nosso alegre carnaval. Tradições que continuam Hoje, a tradição de assistir ao carnaval persiste, mas agora compartilho esses momentos com meu filho. Ele sempre se diverte com os enredos elaborados das escolas de samba, uma verdadeira explosão de criatividade que nunca deixa de nos encantar. A cada desfile, refletimos não apenas sobre o espetáculo, mas também sobre como o carnaval continua a nos conectar com temas tão relevantes. Neste carnaval de 2025, a Mocidade Independente de Padre Miguel nos brindou com uma reflexão instigante durante seu desfile, utilizando as referências dos Flintstones e dos Jetsons para criar um contraste fascinante. Com o enredo intitulado “Voltando para o Futuro – Não há Limites para Sonhar”, a escola explorou uma crítica à evolução tecnológica desenfreada e como ela tem nos afastado da simplicidade e conexão com a natureza. Por meio das figuras icônicas dos Flintstones, representando uma era mais primitiva, e dos Jetsons, simbolizando um futuro de alta tecnologia, a Mocidade construiu um cenário onde passado e futuro se entrelaçam. O desfile nos convidou a refletir sobre as consequências do progresso quando este não é equilibrado com o cuidado pelo nosso planeta e pelas relações humanas. A mensagem da Mocidade nos lembrou que o futuro dos sonhos deve sempre se alinhar com a essência do que somos: humanos em harmonia com a natureza. Esses momentos compartilhados com o Vítor são uma continuação das memórias que comecei a criar com

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Minha avó Alice era uma pessoa tranquila, alguém que preferia o aconchego do lar às festividades e ao burburinho das multidões. Festas, bailes e principalmente o carnaval na sua versão mais tradicional de salão, não eram o seu tipo de entretenimento. Mas havia uma exceção marcante no que diz respeito a essa animada celebração: ela nunca perdia a transmissão dos desfiles das escolas de samba e sempre assistia, alegremente, o espetáculo do carnaval carioca na Globo. Minha avó nutria uma fascinante paixão pela Estação Primeira de Mangueira.

Não era apenas a música ou os enredos cuidadosamente elaborados que capturavam sua atenção, mas as vibrantes cores verde e rosa da Mangueira que realmente encantavam sua alma.

Minha avó não era a única a ser tomada por esse fascínio pelo carnaval. Assim como ela, nunca fui de brincar o carnaval ou vestir fantasias coloridas, mas sempre fiquei intrigada pelos temas e pelas exuberantes fantasias. Aprendi com ela a admirar a criatividade e o talento por trás de cada detalhe, imaginando o desafio de sua elaboração.

Entre a TV e o rádio: duas festas em uma

As noites de carnaval em nossa casa tinham um algo a mais. Enquanto eu, minha avó, minha mãe e meu irmão assistíamos aos desfiles, dividíamos nossa atenção com o rádio. Meu pai, Cícero Henrique, na época diretor da Rádio Cidade, era a familiar voz por trás das transmissões ao vivo do carnaval de rua de Jundiaí. Estávamos tão perto de seu epicentro que, apenas baixando o som da TV, podíamos ouvir o carnaval de rua logo ali, nas proximidades de casa.

Enquanto intercalávamos a nossa atenção entre a TV e o rádio, transformávamos nossa sala num verdadeiro clube de carnaval. Juntávamos confetes e serpentinas, jogando-os ao ar, dançando e celebrando como se estivéssemos entre as avenidas do Rio, sempre esperando ansiosamente a passagem da Mangueira. Ficávamos acordados até que a “estrela da noite” se apresentasse, não importava a hora que fosse. Muitas vezes, íamos dormir de madrugada, contrariando a minha rotina diária de criança. Era uma tradição fora do comum, com certeza, mas se tornava mágica com o entusiasmo e as ideias divertidas da minha avó.

A bagunça e a emoção

Imagine a cena em nossa sala: confetes cobrindo o chão como um tapete colorido, serpentinas penduradas por toda a parte, e nós, completamente tomados pela alegria da noite carnavalesca. Quando meu pai chegava em casa, era impossível não dar risada ao ver a bagunça que tínhamos feito. Ele mal conseguia atravessar pela sala sem tropeçar em nossa diversão.

No dia seguinte, o árduo trabalho de limpar cabia à minha mãe, que se via recolhendo sacos e mais sacos de confete e serpentina, ainda que sem se queixar, pois aquelas noites eram de pura felicidade e união. Minha avó, por sua vez, fazia questão de assistir à apuração do carnaval, torcendo fervorosamente pela vitória da Mangueira. Ela não era alguém que torcia para um time de futebol, mas quando se tratava da Mangueira, se tornava a torcedora mais apaixonada.

A voz da cidade

A presença do meu pai no rádio era sempre notável. Na época, ele era diretor da Rádio Cidade, um cargo que lhe conferia não apenas prestígio, mas também uma conexão profunda com a comunidade local. Todas as manhãs, ele comandava com maestria o programa “Ação e Informação”. Sua voz, marcante e carismática, era reconhecida e aguardada por muitos ouvintes que queriam se informar e ouvir às diversas entrevistas que ele conduzia com personalidades importantes, especialmente do cenário político do país.

Durante ocasiões especiais, como a apuração das eleições e o carnaval de rua, era ele quem assumia o comando das transmissões, trazendo aos ouvintes cada detalhe de eventos que tanto empolgavam a cidade. Sua capacidade de capturar a essência do carnaval com palavras fazia com que os ouvintes se sentissem parte da festividade, mesmo aqueles que estavam longe do evento.

Tradições familiares

A combinação da TV e da transmissão de rádio realizada pelo meu pai fazia daquelas noites algo único.

São memórias como essas que valorizo, destacando como o carnaval, apesar de seu aparente caos e tumulto, foi para nós uma experiência de carinho e tradição familiar. Aquela bagunça na sala de estar, os risos, e os confetes espalhados ficaram como um símbolo de alegria e amor, lembrando-nos de que as festas mais bonitas às vezes acontecem nos lugares mais simples e com as pessoas que amamos.

Essas eram as noites felizes em nossa casa – uma sinfonia de cores, sons e sentimentos, eternamente viva nas páginas do tempo em que a minha avó Alice conduzia nosso alegre carnaval.

Tradições que continuam

Hoje, a tradição de assistir ao carnaval persiste, mas agora compartilho esses momentos com meu filho. Ele sempre se diverte com os enredos elaborados das escolas de samba, uma verdadeira explosão de criatividade que nunca deixa de nos encantar. A cada desfile, refletimos não apenas sobre o espetáculo, mas também sobre como o carnaval continua a nos conectar com temas tão relevantes.

Neste carnaval de 2025, a Mocidade Independente de Padre Miguel nos brindou com uma reflexão instigante durante seu desfile, utilizando as referências dos Flintstones e dos Jetsons para criar um contraste fascinante. Com o enredo intitulado “Voltando para o Futuro – Não há Limites para Sonhar”, a escola explorou uma crítica à evolução tecnológica desenfreada e como ela tem nos afastado da simplicidade e conexão com a natureza.

Por meio das figuras icônicas dos Flintstones, representando uma era mais primitiva, e dos Jetsons, simbolizando um futuro de alta tecnologia, a Mocidade construiu um cenário onde passado e futuro se entrelaçam. O desfile nos convidou a refletir sobre as consequências do progresso quando este não é equilibrado com o cuidado pelo nosso planeta e pelas relações humanas. A mensagem da Mocidade nos lembrou que o futuro dos sonhos deve sempre se alinhar com a essência do que somos: humanos em harmonia com a natureza.

Esses momentos compartilhados com o Vítor são uma continuação das memórias que comecei a criar com minha avó e que, aos poucos, vão se reinventando e ganhando novos significados no calor da temporada carnavalesca. É assim que mantemos o espírito do carnaval vivo, adaptando-o às nossas vidas e cores atuais, sempre esperando por novas histórias e lembranças a cada ano.

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NOTAS DE AMOR: O LEGADO MUSICAL DE ALICE https://liliangaspar.com.br/2025/02/19/notas-de-amor-o-legado-musical-de-alice/ https://liliangaspar.com.br/2025/02/19/notas-de-amor-o-legado-musical-de-alice/#respond Wed, 19 Feb 2025 02:47:30 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1960 Minha avó Alice não era apenas uma amante dos livros; a música também ocupava um espaço especial em sua vida. Todos os finais de semana ela me pedia para colocar o CD do Frank Sinatra, com sua música favorita: “I’ve Got You Under My Skin”. Mas havia uma condição: tinha que ser a versão com Bono Vox. Para ela, a voz do Bono dava um toque único à música, tornando-a simplesmente perfeita. Minha avó, confortavelmente sentada na sua poltrona favorita na sala, fechava os olhos e acompanhava o ritmo com suaves batidas de mão no braço da poltrona. Era como se, naquele momento, tudo parasse, e apenas a música importasse. Era a nossa tradição, uma conversa sem palavras, mas repleta de sentimentos. Devido à sua paixão pela música, ela sempre dizia que eu deveria aprender a tocar piano, que era seu instrumento predileto, mas eu, na teimosia da juventude, jamais segui seu conselho enquanto ela estava viva. Após a partida da minha avó, resolvi começar a fazer aulas de piano. Era uma forma de me aproximar dela, mesmo não estando mais aqui. Os primeiros meses foram tranquilos, mas, certo dia, ao chegar para a aula, meu professor me deu a notícia: ele tinha feito minha inscrição para uma apresentação no Solar do Barão, um Museu Histórico e Cultural de Jundiaí/SP. Fiquei paralisada! Disse que não participaria, mas ele insistiu que eu iria, sim. Terminei aquela aula com o coração em descompasso, e ao sair, a timidez me venceu e fui diretamente cancelar a matrícula. O arrependimento ainda bate, mas, na época, não consegui lidar de outra forma com meu pavor de me expor. Curiosamente, meu filho começou a tocar piano cerca de um ano atrás. É como se minha avó tivesse uma conexão especial com ele, instigando esse amor pelas teclas que eu não consegui cultivar. Ao contrário de mim, ele já se apresentou com confiança e nos enche de alegria com cada nova música que aprende. Embora ele ainda não toque a favorita da bisavó, sei que as composições que ele pratica seriam um presente para ela. Agora, quase todos os dias, ele preenche nossa casa com melodias. Ver e ouvir ele tocar é um dos momentos mais especiais do nosso dia. Nessas ocasiões, é impossível não lembrar da minha avó e sentir como se ela estivesse ali, sorrindo ao assistir o que começou como seu desejo tornar-se nossa realidade cotidiana. Este é um dos momentos mais especiais e de pura conexão na nossa casa, sendo fonte imensa de paz e bem-estar para mim. A música tem a capacidade de construir pontes entre gerações e sentimentos, provando que nossas histórias e emoções são contadas bem além das palavras. Quais momentos especiais na sua família se repetem e criam recordações duradouras? Convido você a deixar uma mensagem aqui sobre como a música ou outro ato de amor e memória desenham a trama da sua família.

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Minha avó Alice não era apenas uma amante dos livros; a música também ocupava um espaço especial em sua vida.

Todos os finais de semana ela me pedia para colocar o CD do Frank Sinatra, com sua música favorita: “I’ve Got You Under My Skin”. Mas havia uma condição: tinha que ser a versão com Bono Vox. Para ela, a voz do Bono dava um toque único à música, tornando-a simplesmente perfeita. Minha avó, confortavelmente sentada na sua poltrona favorita na sala, fechava os olhos e acompanhava o ritmo com suaves batidas de mão no braço da poltrona. Era como se, naquele momento, tudo parasse, e apenas a música importasse. Era a nossa tradição, uma conversa sem palavras, mas repleta de sentimentos.

Devido à sua paixão pela música, ela sempre dizia que eu deveria aprender a tocar piano, que era seu instrumento predileto, mas eu, na teimosia da juventude, jamais segui seu conselho enquanto ela estava viva.

Após a partida da minha avó, resolvi começar a fazer aulas de piano. Era uma forma de me aproximar dela, mesmo não estando mais aqui. Os primeiros meses foram tranquilos, mas, certo dia, ao chegar para a aula, meu professor me deu a notícia: ele tinha feito minha inscrição para uma apresentação no Solar do Barão, um Museu Histórico e Cultural de Jundiaí/SP. Fiquei paralisada! Disse que não participaria, mas ele insistiu que eu iria, sim. Terminei aquela aula com o coração em descompasso, e ao sair, a timidez me venceu e fui diretamente cancelar a matrícula. O arrependimento ainda bate, mas, na época, não consegui lidar de outra forma com meu pavor de me expor.

Curiosamente, meu filho começou a tocar piano cerca de um ano atrás. É como se minha avó tivesse uma conexão especial com ele, instigando esse amor pelas teclas que eu não consegui cultivar. Ao contrário de mim, ele já se apresentou com confiança e nos enche de alegria com cada nova música que aprende. Embora ele ainda não toque a favorita da bisavó, sei que as composições que ele pratica seriam um presente para ela.

Agora, quase todos os dias, ele preenche nossa casa com melodias. Ver e ouvir ele tocar é um dos momentos mais especiais do nosso dia. Nessas ocasiões, é impossível não lembrar da minha avó e sentir como se ela estivesse ali, sorrindo ao assistir o que começou como seu desejo tornar-se nossa realidade cotidiana. Este é um dos momentos mais especiais e de pura conexão na nossa casa, sendo fonte imensa de paz e bem-estar para mim.

A música tem a capacidade de construir pontes entre gerações e sentimentos, provando que nossas histórias e emoções são contadas bem além das palavras. Quais momentos especiais na sua família se repetem e criam recordações duradouras? Convido você a deixar uma mensagem aqui sobre como a música ou outro ato de amor e memória desenham a trama da sua família.

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ANIVERSÁRIO DE ALICE: REFLEXÕES SOBRE A PASSAGEM DO TEMPO https://liliangaspar.com.br/2025/02/05/aniversario-de-alice-reflexoes-sobre-a-passagem-do-tempo/ https://liliangaspar.com.br/2025/02/05/aniversario-de-alice-reflexoes-sobre-a-passagem-do-tempo/#respond Wed, 05 Feb 2025 14:13:54 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1946 No último domingo, dia 02/02/2025, teria sido aniversário da minha avó. Se estivesse viva, ela teria completado 106 anos. Sempre que essa data chega, lembro-me dela com carinho. Minha avó era uma mulher de gênio forte, sempre muito clara sobre o que queria e principalmente sobre o que não queria. Ela definitivamente não era de comemorar seus próprios aniversários com festas ou reuniões. Inexplicavelmente, tinha um talento especial em transformar qualquer outro dia na ocasião perfeita, desde que fosse para alguém que amasse. Em um artigo anterior, contei como os brigadeiros que ela preparava com tanto carinho se tornaram a marca registrada dos meus aniversários. Era um gesto simples que traduzia seu amor discreto. Seu talento de colocar toda a doçura numa receita, transformava os meus dias de festa em algo especial, apesar de ela mesma não ter interesse em celebrar sua própria data. Acho que ela concentrava todas as celebrações “não feitas” dela para colocar um extra de amor e açúcar nas minhas. Sua relutância em celebrar o próprio aniversário era um ponto em que nossas visões se divergiam completamente. Eu não sei exatamente o motivo que a levava a pensar desse jeito. Para ela, talvez não houvesse razão para celebrar a passagem do tempo. Será que era por medo do fim? Curiosamente, ela dizia não temer a morte. Pode ser que enxergasse que perder a juventude não era exatamente uma virtude e essa é uma perspectiva que sempre me intrigou. Eu, por outro lado, vejo os aniversários como uma oportunidade de reflexão sobre o amadurecimento e a evolução pessoal. Para mim, o envelhecimento é uma jornada de crescimento que merece, sem dúvida, alguma celebração. Mesmo não sendo fã de grandes festas, sinto que essa é uma oportunidade importante para reunir a família, lembrar do caminho percorrido e fortalecer os laços que nos unem. Na minha área de atuação, o Direito de Família e Sucessões, o ciclo da vida ganha uma relevância especial, tocando diretamente os aspectos mais íntimos das nossas relações. Criamos nossos filhos com o intuito de prepará-los para o futuro e, naturalmente, esperamos que, um dia, eles estejam prontos para cuidar de nós, tal como assumimos a responsabilidade de cuidar dos nossos pais à medida que eles envelhecem. Tenho lidado com muitos casos em que os filhos se tornam os cuidadores dos pais idosos, especialmente quando a doença também se apresenta. São momentos desafiadores, mas que fazem parte da passagem do tempo. Recentemente, atendi uma família cujos quatro filhos se uniram para cuidar dos pais, que adoeceram juntos e acabaram falecendo um após o outro, depois de um sofrido processo de interdição. Embora marcados pela dor, esses momentos evidenciam a força do tempo, o amadurecimento e o ciclo contínuo e interdependente da vida. Definitivamente, ver os filhos crescerem e se tornarem indivíduos capazes de enfrentar suas próprias caminhadas é uma das maiores alegrias da vida. Essa troca de cuidados ao longo das gerações é uma dança harmoniosa de reciprocidade, na qual o orgulho e o amor se entrelaçam enquanto acompanhamos o amadurecimento e a evolução dos nossos entes queridos. O ciclo da vida mostra sua beleza ao nos ensinar a aceitar e valorizar cada idade como parte de algo maior. Essa troca de cuidados, tanto na vida quanto no papel, revela a serena beleza dos compromissos assumidos e cumpridos, reforçando nossas raízes na essência da família. E você, como encara a passagem do tempo? Que significado encontra nos aniversários e no envelhecimento? Convido você, leitor, a refletir comigo sobre estas questões, pois elas nos fazem perceber o valor do tempo em nossas vidas. Afinal, o que realmente importa é a maneira como vivemos e as experiências significativas que acumulamos ao longo da nossa jornada. Que possamos sempre valorizar cada momento e aprendizado dessa caminhada chamada vida!

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No último domingo, dia 02/02/2025, teria sido aniversário da minha avó. Se estivesse viva, ela teria completado 106 anos. Sempre que essa data chega, lembro-me dela com carinho.

Minha avó era uma mulher de gênio forte, sempre muito clara sobre o que queria e principalmente sobre o que não queria. Ela definitivamente não era de comemorar seus próprios aniversários com festas ou reuniões. Inexplicavelmente, tinha um talento especial em transformar qualquer outro dia na ocasião perfeita, desde que fosse para alguém que amasse.

Em um artigo anterior, contei como os brigadeiros que ela preparava com tanto carinho se tornaram a marca registrada dos meus aniversários. Era um gesto simples que traduzia seu amor discreto. Seu talento de colocar toda a doçura numa receita, transformava os meus dias de festa em algo especial, apesar de ela mesma não ter interesse em celebrar sua própria data. Acho que ela concentrava todas as celebrações “não feitas” dela para colocar um extra de amor e açúcar nas minhas.

Sua relutância em celebrar o próprio aniversário era um ponto em que nossas visões se divergiam completamente. Eu não sei exatamente o motivo que a levava a pensar desse jeito. Para ela, talvez não houvesse razão para celebrar a passagem do tempo. Será que era por medo do fim? Curiosamente, ela dizia não temer a morte. Pode ser que enxergasse que perder a juventude não era exatamente uma virtude e essa é uma perspectiva que sempre me intrigou.

Eu, por outro lado, vejo os aniversários como uma oportunidade de reflexão sobre o amadurecimento e a evolução pessoal. Para mim, o envelhecimento é uma jornada de crescimento que merece, sem dúvida, alguma celebração. Mesmo não sendo fã de grandes festas, sinto que essa é uma oportunidade importante para reunir a família, lembrar do caminho percorrido e fortalecer os laços que nos unem.

Na minha área de atuação, o Direito de Família e Sucessões, o ciclo da vida ganha uma relevância especial, tocando diretamente os aspectos mais íntimos das nossas relações. Criamos nossos filhos com o intuito de prepará-los para o futuro e, naturalmente, esperamos que, um dia, eles estejam prontos para cuidar de nós, tal como assumimos a responsabilidade de cuidar dos nossos pais à medida que eles envelhecem.

Tenho lidado com muitos casos em que os filhos se tornam os cuidadores dos pais idosos, especialmente quando a doença também se apresenta. São momentos desafiadores, mas que fazem parte da passagem do tempo. Recentemente, atendi uma família cujos quatro filhos se uniram para cuidar dos pais, que adoeceram juntos e acabaram falecendo um após o outro, depois de um sofrido processo de interdição. Embora marcados pela dor, esses momentos evidenciam a força do tempo, o amadurecimento e o ciclo contínuo e interdependente da vida.

Definitivamente, ver os filhos crescerem e se tornarem indivíduos capazes de enfrentar suas próprias caminhadas é uma das maiores alegrias da vida. Essa troca de cuidados ao longo das gerações é uma dança harmoniosa de reciprocidade, na qual o orgulho e o amor se entrelaçam enquanto acompanhamos o amadurecimento e a evolução dos nossos entes queridos.

O ciclo da vida mostra sua beleza ao nos ensinar a aceitar e valorizar cada idade como parte de algo maior. Essa troca de cuidados, tanto na vida quanto no papel, revela a serena beleza dos compromissos assumidos e cumpridos, reforçando nossas raízes na essência da família.

E você, como encara a passagem do tempo? Que significado encontra nos aniversários e no envelhecimento? Convido você, leitor, a refletir comigo sobre estas questões, pois elas nos fazem perceber o valor do tempo em nossas vidas. Afinal, o que realmente importa é a maneira como vivemos e as experiências significativas que acumulamos ao longo da nossa jornada. Que possamos sempre valorizar cada momento e aprendizado dessa caminhada chamada vida!

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FÉRIAS COM A VOVÓ: A ALEGRIA NAS SIMPLES AVENTURAS https://liliangaspar.com.br/2025/01/22/ferias-com-a-vovo-a-alegria-nas-simples-aventuras/ https://liliangaspar.com.br/2025/01/22/ferias-com-a-vovo-a-alegria-nas-simples-aventuras/#respond Wed, 22 Jan 2025 07:00:00 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1942 Durante a época de férias escolares, é impossível não lembrar das brincadeiras encantadoras, que vivi na infância, ao lado da minha avó. Enquanto crianças de hoje talvez passem suas férias na Disney, como minha família e eu estamos fazendo agora, minha infância era feita de brincadeiras tão mágicas quanto, ainda que no quintal da minha casa. Minha avó era uma criadora de mundos e sabia transformar o comum em aventuras inesquecíveis. Uma das minhas brincadeiras preferidas era a “lojinha”. A gente vendia de tudo: brinquedos velhos, bugigangas que usávamos como produtos de prateleira e qualquer coisa que estivesse à mão. Minha avó comprava e incentivava, e ainda sem perceber, eu aprendia a mexer com o dinheiro, a interagir com “clientes” e organizar nosso pequeno balcão. Era uma aula de vida embrulhada em diversão. Outro tesouro da minha infância eram os banhos de mangueira que minha avó promovia. Em dias quentes, bastava um jato d’água para criar horas de felicidade. Eu e meu irmão adorávamos aprontar, e não raramente pulávamos pela janela para alcançar o quintal mais rápido, onde transformávamos aquele espaço num verdadeiro parque aquático particular. Havia uma simplicidade linda nessas tardes, uma lembrança de que as melhores alegrias da vida podem ser as mais descomplicadas. Viver essas experiências me ensinou, muitas vezes sem que eu percebesse, lições valiosas sobre criatividade, simplicidade e o valor do tempo juntos. Pequenos momentos, que podem parecer ordinários, são os que realmente ficam gravados na gente. E isso não se aprende em qualquer lugar, mas sim vivendo. É aí que eu vejo o quanto minha avó nos marcava, sempre presente, sempre inventando novas maneiras de nos entreter com o que tinha. Agora, enquanto estou em um parque repleto de fantasia como a Disney, vejo que a verdadeira magia está nas pequenas coisas: nas risadas, nas histórias compartilhadas e nos momentos passados junto de quem amamos. Embora esteja vivendo dias inesquecíveis e mágicos aqui com meu filho, meus sobrinhos, meu marido, meu irmão e minha cunhada, não posso deixar de sentir como também fui imensamente feliz na infância com essas brincadeiras simples. Então, o que você faz nas férias que torna seus dias realmente especiais? Compartilhe essas lembranças e descubra como há beleza na simplicidade. E talvez, só talvez, ao revisitar esses momentos, você encontre novas formas de criar felicidades genuínas, seja nos pequenos detalhes, seja em grandes aventuras, cercado por quem importa.

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Durante a época de férias escolares, é impossível não lembrar das brincadeiras encantadoras, que vivi na infância, ao lado da minha avó. Enquanto crianças de hoje talvez passem suas férias na Disney, como minha família e eu estamos fazendo agora, minha infância era feita de brincadeiras tão mágicas quanto, ainda que no quintal da minha casa.

Minha avó era uma criadora de mundos e sabia transformar o comum em aventuras inesquecíveis. Uma das minhas brincadeiras preferidas era a “lojinha”. A gente vendia de tudo: brinquedos velhos, bugigangas que usávamos como produtos de prateleira e qualquer coisa que estivesse à mão. Minha avó comprava e incentivava, e ainda sem perceber, eu aprendia a mexer com o dinheiro, a interagir com “clientes” e organizar nosso pequeno balcão. Era uma aula de vida embrulhada em diversão.

Outro tesouro da minha infância eram os banhos de mangueira que minha avó promovia. Em dias quentes, bastava um jato d’água para criar horas de felicidade. Eu e meu irmão adorávamos aprontar, e não raramente pulávamos pela janela para alcançar o quintal mais rápido, onde transformávamos aquele espaço num verdadeiro parque aquático particular. Havia uma simplicidade linda nessas tardes, uma lembrança de que as melhores alegrias da vida podem ser as mais descomplicadas.

Viver essas experiências me ensinou, muitas vezes sem que eu percebesse, lições valiosas sobre criatividade, simplicidade e o valor do tempo juntos. Pequenos momentos, que podem parecer ordinários, são os que realmente ficam gravados na gente. E isso não se aprende em qualquer lugar, mas sim vivendo.

É aí que eu vejo o quanto minha avó nos marcava, sempre presente, sempre inventando novas maneiras de nos entreter com o que tinha. Agora, enquanto estou em um parque repleto de fantasia como a Disney, vejo que a verdadeira magia está nas pequenas coisas: nas risadas, nas histórias compartilhadas e nos momentos passados junto de quem amamos. Embora esteja vivendo dias inesquecíveis e mágicos aqui com meu filho, meus sobrinhos, meu marido, meu irmão e minha cunhada, não posso deixar de sentir como também fui imensamente feliz na infância com essas brincadeiras simples.

Então, o que você faz nas férias que torna seus dias realmente especiais? Compartilhe essas lembranças e descubra como há beleza na simplicidade. E talvez, só talvez, ao revisitar esses momentos, você encontre novas formas de criar felicidades genuínas, seja nos pequenos detalhes, seja em grandes aventuras, cercado por quem importa.

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A HISTÓRIA DO MEU NASCIMENTO E OS LAÇOS DE BRIGADEIRO https://liliangaspar.com.br/2025/01/08/a-historia-do-meu-nascimento-e-os-lacos-de-brigadeiro/ https://liliangaspar.com.br/2025/01/08/a-historia-do-meu-nascimento-e-os-lacos-de-brigadeiro/#respond Wed, 08 Jan 2025 08:00:00 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1935 Com o meu aniversário se aproximando no próximo dia 12 de janeiro, não posso deixar de compartilhar uma daquelas histórias clássicas que minha avó contava. É uma memória cheia de amor, mesmo que eu não me lembre de tudo, pois era apenas um bebê. Quando saí da maternidade, meus pais me levaram para casa. Minha avó tinha ficado cuidando de tudo para que estivesse tudo perfeito para minha chegada. Fui recebida em casa com muita expectativa. A cena que me foi descrita é mágica: todas as crianças do bairro estavam em fila, cada uma segurando uma flor na mão, como se fosse um grande abraço coletivo de boas-vindas. Minha avó sempre contava essa história com tanto entusiasmo que, mesmo sem lembrar, eu consigo imaginar a beleza e a emoção daquele momento. Esse gesto de acolhimento não foi apenas um ato de gentileza. Ele marcou o início de amizades que ainda trago comigo hoje. As crianças que me receberam na entrada de casa, com suas flores delicadas, tornaram-se meus amigos de infância, aqueles que fazem parte das memórias mais queridas. O tempo passou, a vida nos levou por caminhos diferentes, mas esse vínculo inicial sempre nos manteve próximos. Quando éramos crianças, eles me incluíam em todas as brincadeiras. Por ser a menorzinha, me chamavam de “café com leite”, mas longe de ser uma exclusão, era uma forma carinhosa de garantir que eu sempre tivesse um lugar especial entre eles. Fazer aniversário em 12 de janeiro, bem no meio das férias escolares, sempre trouxe desafios. Muitos amigos viajavam, mas minha família não deixava que isso diminuísse a alegria da comemoração. Cada festinha era um evento repleto de brincadeiras, com primos, tios e tias-avós enchendo a casa de felicidade. Minha avó sabia tornar cada detalhe especial, criando lembranças que se fixaram em mim. Entre esses detalhes, um dos mais doces eram os brigadeiros que ela fazia especialmente para o meu aniversário. Até hoje brigadeiro continua sendo meu doce preferido e minha avó tinha um dom especial para prepará-los. Ela sempre fazia um brigadeiro “gigaaante” só para mim, como um gesto carinhoso de que eu era a “estrela do dia”. E, claro, preparava alguns maiores também para o meu irmão e minhas primas, garantindo que todos tivessem sua dose de carinho em forma de doce. Essa tradição foi passada para minha mãe, que hoje mantém viva a receita da minha avó, preparando os brigadeiros com o mesmo carinho e dedicação. Agora, é ela quem prepara os brigadeiros “gigaaantes” para os netos em todos os aniversários da família, perpetuando esse gesto tão delicado que se tornou parte essencial das nossas celebrações. Para nós, fazer brigadeiros é mais do que simplesmente cozinhar; é uma forma de preservar as memórias e o amor que minha avó imprimia em cada detalhe. E vou te contar um segredo: brigadeiro é uma das únicas coisas que sei fazer na cozinha, seguindo à risca a receita da minha avó! Ela me ensinou a preparar esse doce, apesar de sempre dizer que “lugar de criança não é na cozinha”. Talvez por isso eu nunca tenha desenvolvido grande interesse em cozinhar: toda vez que eu tentava ajudar, ela me despachava de lá com essa frase, temendo que eu me queimasse no fogão. Mas o brigadeiro, aaah, esse ela fez questão de me ensinar! É um pedaço doce da nossa história que carrego comigo e que me reconecta a essas memórias familiares sempre que estou na cozinha. As lições e histórias da minha avó me ensinaram que o amor e a alegria estão nos pequenos gestos cotidianos. Minha avó sempre dizia que são essas memórias que fazem o coração bater mais forte e nos conectam a algo maior. Ao compartilhar essas recordações, espero que elas sirvam como um convite para refletirmos sobre como são, de fato, as pequenas coisas que realmente importam na vida. São os gestos simples e as tradições que fortalecem os laços com amigos e familiares, trazendo felicidade genuína. Que possamos sempre valorizar cada pequeno gesto e atitude, mantendo vivas as tradições que nos unem e enriquecem nossas vidas. Até a próxima história, e que ela seja tão doce quanto a que contei hoje!

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Com o meu aniversário se aproximando no próximo dia 12 de janeiro, não posso deixar de compartilhar uma daquelas histórias clássicas que minha avó contava. É uma memória cheia de amor, mesmo que eu não me lembre de tudo, pois era apenas um bebê.

Quando saí da maternidade, meus pais me levaram para casa. Minha avó tinha ficado cuidando de tudo para que estivesse tudo perfeito para minha chegada. Fui recebida em casa com muita expectativa. A cena que me foi descrita é mágica: todas as crianças do bairro estavam em fila, cada uma segurando uma flor na mão, como se fosse um grande abraço coletivo de boas-vindas. Minha avó sempre contava essa história com tanto entusiasmo que, mesmo sem lembrar, eu consigo imaginar a beleza e a emoção daquele momento.

Esse gesto de acolhimento não foi apenas um ato de gentileza. Ele marcou o início de amizades que ainda trago comigo hoje. As crianças que me receberam na entrada de casa, com suas flores delicadas, tornaram-se meus amigos de infância, aqueles que fazem parte das memórias mais queridas. O tempo passou, a vida nos levou por caminhos diferentes, mas esse vínculo inicial sempre nos manteve próximos. Quando éramos crianças, eles me incluíam em todas as brincadeiras. Por ser a menorzinha, me chamavam de “café com leite”, mas longe de ser uma exclusão, era uma forma carinhosa de garantir que eu sempre tivesse um lugar especial entre eles.

Fazer aniversário em 12 de janeiro, bem no meio das férias escolares, sempre trouxe desafios. Muitos amigos viajavam, mas minha família não deixava que isso diminuísse a alegria da comemoração. Cada festinha era um evento repleto de brincadeiras, com primos, tios e tias-avós enchendo a casa de felicidade. Minha avó sabia tornar cada detalhe especial, criando lembranças que se fixaram em mim.

Entre esses detalhes, um dos mais doces eram os brigadeiros que ela fazia especialmente para o meu aniversário. Até hoje brigadeiro continua sendo meu doce preferido e minha avó tinha um dom especial para prepará-los. Ela sempre fazia um brigadeiro “gigaaante” só para mim, como um gesto carinhoso de que eu era a “estrela do dia”. E, claro, preparava alguns maiores também para o meu irmão e minhas primas, garantindo que todos tivessem sua dose de carinho em forma de doce.

Essa tradição foi passada para minha mãe, que hoje mantém viva a receita da minha avó, preparando os brigadeiros com o mesmo carinho e dedicação. Agora, é ela quem prepara os brigadeiros “gigaaantes” para os netos em todos os aniversários da família, perpetuando esse gesto tão delicado que se tornou parte essencial das nossas celebrações. Para nós, fazer brigadeiros é mais do que simplesmente cozinhar; é uma forma de preservar as memórias e o amor que minha avó imprimia em cada detalhe.

E vou te contar um segredo: brigadeiro é uma das únicas coisas que sei fazer na cozinha, seguindo à risca a receita da minha avó! Ela me ensinou a preparar esse doce, apesar de sempre dizer que “lugar de criança não é na cozinha”. Talvez por isso eu nunca tenha desenvolvido grande interesse em cozinhar: toda vez que eu tentava ajudar, ela me despachava de lá com essa frase, temendo que eu me queimasse no fogão. Mas o brigadeiro, aaah, esse ela fez questão de me ensinar! É um pedaço doce da nossa história que carrego comigo e que me reconecta a essas memórias familiares sempre que estou na cozinha.

As lições e histórias da minha avó me ensinaram que o amor e a alegria estão nos pequenos gestos cotidianos. Minha avó sempre dizia que são essas memórias que fazem o coração bater mais forte e nos conectam a algo maior.

Ao compartilhar essas recordações, espero que elas sirvam como um convite para refletirmos sobre como são, de fato, as pequenas coisas que realmente importam na vida. São os gestos simples e as tradições que fortalecem os laços com amigos e familiares, trazendo felicidade genuína. Que possamos sempre valorizar cada pequeno gesto e atitude, mantendo vivas as tradições que nos unem e enriquecem nossas vidas.

Até a próxima história, e que ela seja tão doce quanto a que contei hoje!

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AS ESCOLHAS QUE MOLDARAM MINHA FAMÍLIA https://liliangaspar.com.br/2024/11/27/as-escolhas-que-moldaram-minha-familia/ https://liliangaspar.com.br/2024/11/27/as-escolhas-que-moldaram-minha-familia/#respond Wed, 27 Nov 2024 08:00:00 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1931 Quando meu pai e minha mãe se casaram, decidiram, juntos, que minha avó Alice viria morar com eles. Não foi apenas uma questão prática ou circunstancial; foi um gesto consciente, cheio de afeto e respeito por tudo o que ela representava em suas vidas. Ela, que sempre os acolheu nos momentos desafiadores e nos dias felizes, agora seria acolhida no novo lar que estavam construindo juntos. Essa escolha, tão simples e tão cheia de significado, transformou o curso da nossa família e moldou, de muitas maneiras, quem eu sou hoje. Eu e meu irmão, Márcio, crescemos com minha avó ao nosso lado, não apenas como uma figura amorosa, mas também como parte central da nossa rotina e da formação dos nossos valores. Foi com ela que aprendi, por exemplo, a gostar de ler. As histórias que ela lia para mim eram um momento de calma e conexão, e, aos poucos, a leitura se tornou uma parte natural do meu dia a dia. Também foi ela que, com paciência e sabedoria, me mostrou que todo problema tem mais de um lado e que ouvir é tão importante quanto falar. A convivência diária com minha avó nos deu uma base sólida para encarar a vida com equilíbrio e empatia. Ela nos mostrou que podemos ser firmes sem perder o respeito, que podemos enfrentar desafios com determinação, mas sempre com gentileza. Esses ensinamentos continuam presentes em todas as minhas escolhas, tanto na vida pessoal, quanto na profissional. Como advogada, trabalho diariamente com famílias que buscam formas de preservar seus laços e proteger o futuro. Sei, tanto pela prática profissional, quanto pela minha própria experiência, o impacto que decisões como a dos meus pais podem ter. Ao acolherem minha avó, eles não apenas ofereceram conforto e segurança a ela, mas criaram um ambiente familiar rico em amor, aprendizado e união – valores que moldaram a minha visão de família e que hoje aplico no meu trabalho, ajudando famílias a preservar laços e legados. No Direito de Família e Sucessões, falamos muito sobre contratos, patrimônios e heranças. Mas as escolhas que realmente fazem a diferença são aquelas que não estão registradas em papéis, como a decisão de acolher um ente querido ou cuidar de alguém que sempre cuidou de nós. Minha avó não deixou bens materiais para dividir, mas sua presença foi uma riqueza imensurável que moldou nossas vidas. Ao refletir sobre essas questões, vejo como as escolhas cotidianas podem, de fato, transformar vidas e moldar gerações. Convido você, ao ler essas palavras, a pensar sobre sua própria história familiar. Quais memórias e valores você está passando para as próximas gerações? Quais escolhas você está fazendo hoje para preservar o que realmente importa? Para mim, família sempre foi sobre escolhas: as que fazemos hoje e as que reverberam no futuro. A decisão dos meus pais de acolher minha avó foi a base de uma convivência que impactou profundamente a minha formação. Hoje, ao revisitar as memórias da minha avó Alice, também revisito as escolhas que ela fez, as que meus pais fizeram e as que eu faço agora, com o objetivo de construir uma história em que os laços de amor e respeito fortaleçam as gerações e deixem um legado significativo. A partir de agora, quero dividir com você os momentos que eu mesma vivi ao lado da minha avó Alice – experiências que marcaram minha vida, que ajudaram a formar quem sou hoje e que me inspiram diariamente a ajudar outras famílias a protegerem suas histórias e seus legados. Compartilhar as memórias da minha avó é dividir um pedaço de quem sou e, ao mesmo tempo, lembrar a todos nós da importância de proteger nossos legados emocionais. Qual é a sua história familiar? Como você está cuidando de seus relacionamentos hoje, para que se tornem um legado forte e cheio de amor amanhã? Compartilhe comigo nos comentários!

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Quando meu pai e minha mãe se casaram, decidiram, juntos, que minha avó Alice viria morar com eles. Não foi apenas uma questão prática ou circunstancial; foi um gesto consciente, cheio de afeto e respeito por tudo o que ela representava em suas vidas. Ela, que sempre os acolheu nos momentos desafiadores e nos dias felizes, agora seria acolhida no novo lar que estavam construindo juntos. Essa escolha, tão simples e tão cheia de significado, transformou o curso da nossa família e moldou, de muitas maneiras, quem eu sou hoje.

Eu e meu irmão, Márcio, crescemos com minha avó ao nosso lado, não apenas como uma figura amorosa, mas também como parte central da nossa rotina e da formação dos nossos valores. Foi com ela que aprendi, por exemplo, a gostar de ler. As histórias que ela lia para mim eram um momento de calma e conexão, e, aos poucos, a leitura se tornou uma parte natural do meu dia a dia. Também foi ela que, com paciência e sabedoria, me mostrou que todo problema tem mais de um lado e que ouvir é tão importante quanto falar.

A convivência diária com minha avó nos deu uma base sólida para encarar a vida com equilíbrio e empatia. Ela nos mostrou que podemos ser firmes sem perder o respeito, que podemos enfrentar desafios com determinação, mas sempre com gentileza. Esses ensinamentos continuam presentes em todas as minhas escolhas, tanto na vida pessoal, quanto na profissional.

Como advogada, trabalho diariamente com famílias que buscam formas de preservar seus laços e proteger o futuro. Sei, tanto pela prática profissional, quanto pela minha própria experiência, o impacto que decisões como a dos meus pais podem ter. Ao acolherem minha avó, eles não apenas ofereceram conforto e segurança a ela, mas criaram um ambiente familiar rico em amor, aprendizado e união – valores que moldaram a minha visão de família e que hoje aplico no meu trabalho, ajudando famílias a preservar laços e legados.

No Direito de Família e Sucessões, falamos muito sobre contratos, patrimônios e heranças. Mas as escolhas que realmente fazem a diferença são aquelas que não estão registradas em papéis, como a decisão de acolher um ente querido ou cuidar de alguém que sempre cuidou de nós. Minha avó não deixou bens materiais para dividir, mas sua presença foi uma riqueza imensurável que moldou nossas vidas.

Ao refletir sobre essas questões, vejo como as escolhas cotidianas podem, de fato, transformar vidas e moldar gerações.

Convido você, ao ler essas palavras, a pensar sobre sua própria história familiar. Quais memórias e valores você está passando para as próximas gerações? Quais escolhas você está fazendo hoje para preservar o que realmente importa?

Para mim, família sempre foi sobre escolhas: as que fazemos hoje e as que reverberam no futuro. A decisão dos meus pais de acolher minha avó foi a base de uma convivência que impactou profundamente a minha formação. Hoje, ao revisitar as memórias da minha avó Alice, também revisito as escolhas que ela fez, as que meus pais fizeram e as que eu faço agora, com o objetivo de construir uma história em que os laços de amor e respeito fortaleçam as gerações e deixem um legado significativo.

A partir de agora, quero dividir com você os momentos que eu mesma vivi ao lado da minha avó Alice – experiências que marcaram minha vida, que ajudaram a formar quem sou hoje e que me inspiram diariamente a ajudar outras famílias a protegerem suas histórias e seus legados.

Compartilhar as memórias da minha avó é dividir um pedaço de quem sou e, ao mesmo tempo, lembrar a todos nós da importância de proteger nossos legados emocionais.

Qual é a sua história familiar? Como você está cuidando de seus relacionamentos hoje, para que se tornem um legado forte e cheio de amor amanhã? Compartilhe comigo nos comentários!

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UMA DESPEDIDA NO DIÁRIO https://liliangaspar.com.br/2024/11/13/uma-despedida-no-diario/ https://liliangaspar.com.br/2024/11/13/uma-despedida-no-diario/#respond Wed, 13 Nov 2024 08:00:00 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1928 No final de 1976, minha avó Alice enfrentava um dos momentos mais dolorosos de sua vida. No dia 31 de dezembro, registrou em seu diário: “O Natal, este ano, foi muito triste na nossa casa. Hoje é dia 31 de dezembro e minha mãe agoniza.” Eram dias de profunda tristeza, marcados pelo sofrimento e pela impotência de uma família que assistia, sem ter como aliviar, à batalha final de minha bisavó, Albertina, contra um câncer nos ossos. Essa doença devastadora havia deteriorado sua saúde por anos, levando-a a uma rotina de intensas dores, controladas apenas por injeções de morfina. As dores eram tão agudas que ela só conseguia dormir praticamente sentada, pois deitar-se tornava-se um tormento insuportável. Na manhã de 1º de janeiro de 1977, minha bisavó, enfim, descansou. Minha avó assim escreveu com o coração apertado: “E minha mãe se foi mesmo. Eram nove horas e quinze minutos do dia 1º de janeiro de 1977, sábado”. O novo ano trouxe um alívio doloroso: o fim de seu sofrimento, mas a família ficou com a tristeza de uma despedida que, além de inevitável, foi também muito árdua. Para minha avó, meu pai, então com 32 anos, e todos que a rodeavam, ficou a sensação de impotência, a dúvida se algo mais poderia ter sido feito para respeitar sua dignidade e evitar tamanho sofrimento. Hoje, essa angústia poderia ser diferente. A tecnologia médica avançou, mas também temos um instrumento que garante a dignidade do paciente e alivia a dor da família: o testamento vital, também conhecido como Diretiva Antecipada de Vontade (DAV). Criado nos Estados Unidos na década de 1960, só chegou ao Brasil em 2012 com a Resolução 1.995 do Conselho Federal de Medicina. Este documento permite que a pessoa registre, enquanto está lúcida, os cuidados médicos e tratamentos que deseja ou não receber em caso de doença terminal ou incapacidade. Segundo o Colégio Notarial do Brasil, o número de formalizações desse documento no país aumentou mais de 700% desde sua introdução, refletindo a necessidade crescente de garantir dignidade e autonomia em momentos críticos. Esse instrumento legal não se confunde com o testamento comum, que define a disposição dos bens após a morte. A DAV, ao contrário, é válida enquanto a pessoa está viva, mas incapaz de comunicar suas vontades. Através dela, é possível optar, por exemplo, por não receber tratamentos invasivos ou para prolongamento artificial da vida, deixando claro que se quer um cuidado mais paliativo, focado no conforto. Além disso, a DAV permite nomear um representante legal que terá a responsabilidade de assegurar que a vontade do paciente seja respeitada. No caso da minha bisavó, essa decisão era impossível. A medicina da época ainda era limitada e seus familiares, sem um instrumento como o testamento vital, não tinham respaldo para saber ou expressar as decisões que ela poderia ter tomado. Esse sofrimento poderia ter sido amenizado se ela tivesse tido a chance de registrar seus desejos de cuidado. Esse tipo de documento oferece paz e dignidade não apenas ao paciente, mas também à família, que sabe estar honrando a vontade de quem amou profundamente, aliviando o peso emocional e a angústia de se questionar sobre o que mais poderia ser feito. Recentemente, um cliente me procurou após ver sua esposa padecer de uma doença terminal, uma experiência tão dolorosa para ela quanto para ele. Ele quis formalizar sua própria DAV, para evitar que, um dia, seu filho passe pelo mesmo sofrimento. É uma atitude que resguarda a dignidade do paciente e traz paz aos familiares, que podem atravessar o luto sem arrependimentos, cientes de que seguiram a vontade da pessoa. O testamento vital é um documento de caráter público, realizado em um tabelionato de notas, onde fica arquivado para que familiares e médicos possam consultá-lo em caso de necessidade. O Conselho Federal de Medicina estipula que o médico, diante de um testamento vital, deve respeitar as diretrizes ali expressas e, caso o paciente tenha nomeado um representante, este poderá assegurar que a vontade da pessoa seja cumprida. No entanto, é importante destacar que o testamento vital não inclui a possibilidade de eutanásia, uma vez que essa prática ainda é proibida pela legislação brasileira. O objetivo da diretiva é assegurar uma morte natural, evitando intervenções desnecessárias que possam prolongar o sofrimento. Esse instrumento também pode conter cláusulas adicionais, como a designação de um procurador para questões empresariais, caso o paciente precise. Sua revogabilidade e a possibilidade de modificar o documento ao longo da vida garantem ao paciente a liberdade e autonomia de decidir sobre o próprio corpo. Hoje, temos a possibilidade de fazer escolhas para nossos momentos mais vulneráveis, de forma que nossos entes queridos não precisem passar pelo que a minha avó Alice passou com sua mãe. Pensar nesses momentos pode parecer um desafio, mas é uma forma de proteger quem amamos. O testamento vital não é só uma decisão sobre cuidados médicos; ele é uma preparação emocional que pode trazer serenidade para a pessoa e paz para a família. A história da minha bisavó é um exemplo de como esses momentos inevitáveis poderiam ser mais leves, com a certeza de que o desejo do ente querido foi respeitado até o fim. Se este tema tocou você de alguma forma, vale a pena buscar orientação para compreender melhor o testamento vital. Registrar sua vontade antecipadamente é uma maneira de garantir que suas decisões sejam respeitadas em momentos delicados. Além disso, ao formalizar suas preferências, você assegura que sua dignidade seja preservada, evitando sofrimentos desnecessários para aqueles que amam você.

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No final de 1976, minha avó Alice enfrentava um dos momentos mais dolorosos de sua vida. No dia 31 de dezembro, registrou em seu diário:

“O Natal, este ano, foi muito triste na nossa casa. Hoje é dia 31 de dezembro e minha mãe agoniza.”

Eram dias de profunda tristeza, marcados pelo sofrimento e pela impotência de uma família que assistia, sem ter como aliviar, à batalha final de minha bisavó, Albertina, contra um câncer nos ossos.

Essa doença devastadora havia deteriorado sua saúde por anos, levando-a a uma rotina de intensas dores, controladas apenas por injeções de morfina. As dores eram tão agudas que ela só conseguia dormir praticamente sentada, pois deitar-se tornava-se um tormento insuportável.

Na manhã de 1º de janeiro de 1977, minha bisavó, enfim, descansou. Minha avó assim escreveu com o coração apertado:

“E minha mãe se foi mesmo. Eram nove horas e quinze minutos do dia 1º de janeiro de 1977, sábado”.

O novo ano trouxe um alívio doloroso: o fim de seu sofrimento, mas a família ficou com a tristeza de uma despedida que, além de inevitável, foi também muito árdua. Para minha avó, meu pai, então com 32 anos, e todos que a rodeavam, ficou a sensação de impotência, a dúvida se algo mais poderia ter sido feito para respeitar sua dignidade e evitar tamanho sofrimento.

Hoje, essa angústia poderia ser diferente. A tecnologia médica avançou, mas também temos um instrumento que garante a dignidade do paciente e alivia a dor da família: o testamento vital, também conhecido como Diretiva Antecipada de Vontade (DAV). Criado nos Estados Unidos na década de 1960, só chegou ao Brasil em 2012 com a Resolução 1.995 do Conselho Federal de Medicina. Este documento permite que a pessoa registre, enquanto está lúcida, os cuidados médicos e tratamentos que deseja ou não receber em caso de doença terminal ou incapacidade. Segundo o Colégio Notarial do Brasil, o número de formalizações desse documento no país aumentou mais de 700% desde sua introdução, refletindo a necessidade crescente de garantir dignidade e autonomia em momentos críticos.

Esse instrumento legal não se confunde com o testamento comum, que define a disposição dos bens após a morte. A DAV, ao contrário, é válida enquanto a pessoa está viva, mas incapaz de comunicar suas vontades. Através dela, é possível optar, por exemplo, por não receber tratamentos invasivos ou para prolongamento artificial da vida, deixando claro que se quer um cuidado mais paliativo, focado no conforto. Além disso, a DAV permite nomear um representante legal que terá a responsabilidade de assegurar que a vontade do paciente seja respeitada.

No caso da minha bisavó, essa decisão era impossível. A medicina da época ainda era limitada e seus familiares, sem um instrumento como o testamento vital, não tinham respaldo para saber ou expressar as decisões que ela poderia ter tomado. Esse sofrimento poderia ter sido amenizado se ela tivesse tido a chance de registrar seus desejos de cuidado. Esse tipo de documento oferece paz e dignidade não apenas ao paciente, mas também à família, que sabe estar honrando a vontade de quem amou profundamente, aliviando o peso emocional e a angústia de se questionar sobre o que mais poderia ser feito.

Recentemente, um cliente me procurou após ver sua esposa padecer de uma doença terminal, uma experiência tão dolorosa para ela quanto para ele. Ele quis formalizar sua própria DAV, para evitar que, um dia, seu filho passe pelo mesmo sofrimento. É uma atitude que resguarda a dignidade do paciente e traz paz aos familiares, que podem atravessar o luto sem arrependimentos, cientes de que seguiram a vontade da pessoa.

O testamento vital é um documento de caráter público, realizado em um tabelionato de notas, onde fica arquivado para que familiares e médicos possam consultá-lo em caso de necessidade. O Conselho Federal de Medicina estipula que o médico, diante de um testamento vital, deve respeitar as diretrizes ali expressas e, caso o paciente tenha nomeado um representante, este poderá assegurar que a vontade da pessoa seja cumprida. No entanto, é importante destacar que o testamento vital não inclui a possibilidade de eutanásia, uma vez que essa prática ainda é proibida pela legislação brasileira. O objetivo da diretiva é assegurar uma morte natural, evitando intervenções desnecessárias que possam prolongar o sofrimento.

Esse instrumento também pode conter cláusulas adicionais, como a designação de um procurador para questões empresariais, caso o paciente precise. Sua revogabilidade e a possibilidade de modificar o documento ao longo da vida garantem ao paciente a liberdade e autonomia de decidir sobre o próprio corpo.

Hoje, temos a possibilidade de fazer escolhas para nossos momentos mais vulneráveis, de forma que nossos entes queridos não precisem passar pelo que a minha avó Alice passou com sua mãe.

Pensar nesses momentos pode parecer um desafio, mas é uma forma de proteger quem amamos. O testamento vital não é só uma decisão sobre cuidados médicos; ele é uma preparação emocional que pode trazer serenidade para a pessoa e paz para a família. A história da minha bisavó é um exemplo de como esses momentos inevitáveis poderiam ser mais leves, com a certeza de que o desejo do ente querido foi respeitado até o fim.

Se este tema tocou você de alguma forma, vale a pena buscar orientação para compreender melhor o testamento vital. Registrar sua vontade antecipadamente é uma maneira de garantir que suas decisões sejam respeitadas em momentos delicados. Além disso, ao formalizar suas preferências, você assegura que sua dignidade seja preservada, evitando sofrimentos desnecessários para aqueles que amam você.

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LEMBRANÇAS QUE TRAZEM FORÇA E HARMONIA https://liliangaspar.com.br/2024/10/30/lembrancas-que-trazem-forca-e-harmonia/ https://liliangaspar.com.br/2024/10/30/lembrancas-que-trazem-forca-e-harmonia/#respond Wed, 30 Oct 2024 14:20:34 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1922 Em uma das páginas do diário de minha avó Alice, datada de dezembro de 1961, encontrei duas passagens que parecem falar diretamente sobre os desafios e as alegrias de sua vida. A primeira era de São Francisco de Sales, santo e filósofo do século XVI conhecido por suas reflexões sobre a fé e a vida, que dizia: “Que será preferível? Ter rosas e ter espinhos, ou não ter rosas para não ter espinhos?”. Logo abaixo, estava uma citação da escritora brasileira Carmem Silva, celebrada por sua visão delicada sobre a vida: “A felicidade é feita de pequenas alegrias.” Essas palavras, tão cuidadosamente registradas pela minha avó, refletem bem os valores e as escolhas que marcaram sua trajetória. Ela era uma mulher que vivia intensamente cada momento, aceitando, com coragem, os desafios que encontrava pelo caminho. Na nossa jornada, ao lado das pessoas que amamos, deparamos tanto com “rosas” quanto com “espinhos”, assim como aconteceu com a minha avó. Há as alegrias que florescem nas pequenas e grandes conquistas da vida, mas também os desafios, as mágoas e os desentendimentos, inevitáveis em qualquer convivência. Ao longo dos anos, minha avó e seus familiares optaram por acolher tanto os momentos bons, quanto os desafiadores, sabendo que ambos fazem parte do que significa viver e amar plenamente. Assim também devemos enfrentar um momento de ruptura. O divórcio, por exemplo, embora doloroso, não deve apagar as memórias boas que um dia uniram o casal. São as rosas, ainda que tenham espinhos, que nos fazem crescer, e são os filhos, frutos do amor que existiu, que eternizam essas boas lembranças. O amor que um dia floresceu entre o casal permanece nas crianças e essa é uma conexão que dura para sempre. Por isso, nos momentos de ruptura, é essencial reconhecer o que foi vivido de bom, para que as memórias felizes e as raízes criadas não sejam manchadas por ressentimentos. A atitude da minha avó Alice nos ensina que, mesmo quando um casamento termina, as lembranças do que um dia foi belo e significativo não devem ser descartadas. Ao contrário, elas podem trazer força e harmonia. Se os espinhos são inevitáveis, as rosas que já floresceram nos lembram de tudo que valeu a pena. Viver esse período com respeito, focando no que foi positivo, permite que o relacionamento se transforme sem amargura, especialmente quando há filhos envolvidos. Eles merecem crescer em um ambiente onde o carinho e o cuidado prevaleçam, mesmo que o amor entre o casal tenha seguido outro caminho. Essa valorização do passado nos ajuda a construir um presente mais harmonioso e a evitar conflitos, pois, ao honrarmos as lembranças, cultivamos um futuro mais leve e respeitoso. As boas memórias se tornam sementes para o diálogo, para a compreensão, e, acima de tudo, para que o respeito floresça novamente. Minha avó nos mostra que, apesar das separações, a felicidade pode continuar a ser feita de pequenas alegrias. Há sempre uma escolha entre enxergar apenas o lado negativo da situação ou cultivar as memórias boas e as pequenas alegrias vividas. Mesmo em momentos de separação, lembranças de dias bons podem servir como um antídoto contra o desgaste e o ressentimento, facilitando um encerramento respeitoso e menos doloroso. Com suas anotações e memórias, minha avó nos mostra que a verdadeira felicidade não vem apenas das grandes conquistas, mas das pequenas alegrias diárias, do apoio das pessoas próximas e das lembranças que escolhemos guardar. Em vez de apenas evitar os espinhos, ela preferiu viver intensamente cada rosa que cruzou seu caminho. E, talvez, essa seja a lição mais preciosa que ela deixou: que viver plenamente as rosas e reconhecer os espinhos como parte dessa jornada é o que nos ajuda a construir uma herança de respeito e amor. Essa mensagem de São Francisco de Sales, que encontrei no diário da minha avó, não era apenas uma filosofia distante; era um conselho sutil e profundo sobre como encarar a vida e a família, mesmo em tempos de perda e separação, com a coragem de quem sabe que as rosas sempre merecem ser celebradas. Compartilhe suas lembranças e reflexões sobre como as pequenas alegrias moldaram sua vida. Sua história pode inspirar outros a reconhecerem a beleza que floresce mesmo em meio aos desafios.

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Em uma das páginas do diário de minha avó Alice, datada de dezembro de 1961, encontrei duas passagens que parecem falar diretamente sobre os desafios e as alegrias de sua vida. A primeira era de São Francisco de Sales, santo e filósofo do século XVI conhecido por suas reflexões sobre a fé e a vida, que dizia: “Que será preferível? Ter rosas e ter espinhos, ou não ter rosas para não ter espinhos?”. Logo abaixo, estava uma citação da escritora brasileira Carmem Silva, celebrada por sua visão delicada sobre a vida: “A felicidade é feita de pequenas alegrias.”

Essas palavras, tão cuidadosamente registradas pela minha avó, refletem bem os valores e as escolhas que marcaram sua trajetória. Ela era uma mulher que vivia intensamente cada momento, aceitando, com coragem, os desafios que encontrava pelo caminho.

Na nossa jornada, ao lado das pessoas que amamos, deparamos tanto com “rosas” quanto com “espinhos”, assim como aconteceu com a minha avó. Há as alegrias que florescem nas pequenas e grandes conquistas da vida, mas também os desafios, as mágoas e os desentendimentos, inevitáveis em qualquer convivência.

Ao longo dos anos, minha avó e seus familiares optaram por acolher tanto os momentos bons, quanto os desafiadores, sabendo que ambos fazem parte do que significa viver e amar plenamente.

Assim também devemos enfrentar um momento de ruptura. O divórcio, por exemplo, embora doloroso, não deve apagar as memórias boas que um dia uniram o casal. São as rosas, ainda que tenham espinhos, que nos fazem crescer, e são os filhos, frutos do amor que existiu, que eternizam essas boas lembranças. O amor que um dia floresceu entre o casal permanece nas crianças e essa é uma conexão que dura para sempre. Por isso, nos momentos de ruptura, é essencial reconhecer o que foi vivido de bom, para que as memórias felizes e as raízes criadas não sejam manchadas por ressentimentos.

A atitude da minha avó Alice nos ensina que, mesmo quando um casamento termina, as lembranças do que um dia foi belo e significativo não devem ser descartadas. Ao contrário, elas podem trazer força e harmonia. Se os espinhos são inevitáveis, as rosas que já floresceram nos lembram de tudo que valeu a pena. Viver esse período com respeito, focando no que foi positivo, permite que o relacionamento se transforme sem amargura, especialmente quando há filhos envolvidos. Eles merecem crescer em um ambiente onde o carinho e o cuidado prevaleçam, mesmo que o amor entre o casal tenha seguido outro caminho.

Essa valorização do passado nos ajuda a construir um presente mais harmonioso e a evitar conflitos, pois, ao honrarmos as lembranças, cultivamos um futuro mais leve e respeitoso. As boas memórias se tornam sementes para o diálogo, para a compreensão, e, acima de tudo, para que o respeito floresça novamente. Minha avó nos mostra que, apesar das separações, a felicidade pode continuar a ser feita de pequenas alegrias.

Há sempre uma escolha entre enxergar apenas o lado negativo da situação ou cultivar as memórias boas e as pequenas alegrias vividas. Mesmo em momentos de separação, lembranças de dias bons podem servir como um antídoto contra o desgaste e o ressentimento, facilitando um encerramento respeitoso e menos doloroso.

Com suas anotações e memórias, minha avó nos mostra que a verdadeira felicidade não vem apenas das grandes conquistas, mas das pequenas alegrias diárias, do apoio das pessoas próximas e das lembranças que escolhemos guardar. Em vez de apenas evitar os espinhos, ela preferiu viver intensamente cada rosa que cruzou seu caminho.

E, talvez, essa seja a lição mais preciosa que ela deixou: que viver plenamente as rosas e reconhecer os espinhos como parte dessa jornada é o que nos ajuda a construir uma herança de respeito e amor. Essa mensagem de São Francisco de Sales, que encontrei no diário da minha avó, não era apenas uma filosofia distante; era um conselho sutil e profundo sobre como encarar a vida e a família, mesmo em tempos de perda e separação, com a coragem de quem sabe que as rosas sempre merecem ser celebradas.

Compartilhe suas lembranças e reflexões sobre como as pequenas alegrias moldaram sua vida. Sua história pode inspirar outros a reconhecerem a beleza que floresce mesmo em meio aos desafios.

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O VALOR DE UMA REDE DE APOIO FAMILIAR https://liliangaspar.com.br/2024/10/16/o-valor-de-uma-rede-de-apoio-familiar/ https://liliangaspar.com.br/2024/10/16/o-valor-de-uma-rede-de-apoio-familiar/#respond Wed, 16 Oct 2024 14:13:53 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1915 As histórias da minha avó Alice e de sua família sempre me fizeram refletir sobre o verdadeiro valor da rede de apoio que existe em torno de nós. Em tempos de dificuldades, é essa teia invisível de afeto e cuidado que mantém as pessoas unidas, oferecendo suporte emocional e fazendo com que os momentos desafiadores se tornem mais leves. Minha avó viveu intensamente essa dinâmica, como filha, irmã e mãe. Mas um dos laços mais especiais que ela vivenciou foi o que se formou entre meu pai e o avô, Alexandre, que desempenhou um papel fundamental como figura paterna. Após a separação dos meus avós, minha avó voltou a morar com sua mãe, minha bisavó Albertina. Embora tenha sido uma fase desafiadora, esse retorno às origens foi também um reencontro com a força da família. A rede de apoio que se formou foi essencial, especialmente para o meu pai, que encontrou no avô uma figura carinhosa e presente. Meu bisavô Alexandre assumiu um papel fundamental na vida do meu pai, oferecendo não apenas cuidados, mas também amor e segurança em momentos importantes de sua infância, criando laços que marcaram para sempre essa relação. O bisavô Alexandre era aquele avô que todo mundo sonha em ter: carinhoso, presente e disposto a fazer de tudo para ver o neto feliz. Ele até comprou um carro só para poder levar meu pai para passear e passar mais tempo juntos. Esse gesto simples, mas tão significativo, reflete como, em meio às dificuldades, uma rede de apoio familiar pode transformar a vida de uma criança e construir memórias duradouras. Meu pai sempre conta histórias sobre o avô Alexandre com um carinho imenso. Eu, infelizmente, não conheci nenhum dos meus bisavós, mas, por tudo o que ouço, percebo a influência que ainda têm em nossas vidas. Além do avô, as irmãs da minha avó também foram figuras importantes nessa rede de apoio. Cema (Iracema) e Dada (Cleopatria) estavam sempre por perto, sendo grandes companheiras de minha avó e muito carinhosas com meu pai. Eles mantinham uma relação próxima e as tias desempenharam um papel fundamental na vida dele, oferecendo não só amor, mas também segurança e acolhimento. Como irmãs, a tia Dada e a tia Cema também sempre estiveram presentes. As três eram parceiras inseparáveis e compartilhavam confidências e preocupações. A Galeria Bocchino, localizada no centro de Jundiaí, era um dos lugares preferidos onde minha avó e minhas tias-avós se encontravam e passavam horas conversando e compartilhando histórias. Essas idas ao centro eram muito mais do que simples compras; eram momentos de conexão, onde cada uma oferecia à outra o apoio de que precisava, seja com palavras de incentivo, conselhos ou apenas com a presença acolhedora. Enquanto isso, o irmão Osvaldo estava em Porto Alegre, vivendo uma vida mais distante fisicamente, mas ainda presente nas cartas que trocava com minha avó. Mesmo sem o contato diário, o carinho e o respeito mantinham o elo entre eles, provando que a rede de apoio pode ser sentida mesmo à distância. O Papel da Rede de Apoio no Direito de Família Quando falamos de Direito de Família, muitas vezes nos concentramos em aspectos legais como patrimônio e sucessão. Mas o que a história da minha avó Alice nos ensina é que, além dos bens materiais, o que realmente sustenta uma família em momentos difíceis é a rede de apoio formada por seus membros. A presença de um avô que desempenha o papel de pai, de irmãs que se ajudam mutuamente em momentos difíceis, e de tios e primos que estão sempre por perto, formam uma rede de afeto e segurança que tem um impacto direto no bem-estar familiar. Esses laços são essenciais para garantir que os desafios da vida, como separações e ausências, possam ser enfrentados com resiliência e amor. Uma rede de apoio familiar bem estruturada traz não só estabilidade emocional, mas também reforça a importância de proteger os vínculos afetivos e o cuidado mútuo. Na prática jurídica, esse suporte pode fazer a diferença em como uma família lida com crises, como uma separação. São as relações construídas no cotidiano, muitas vezes invisíveis aos olhos de quem está de fora, que garantem que, mesmo nos momentos mais difíceis, a família possa seguir em frente. A história da minha avó Alice e a relação entre meu pai e o avô Alexandre exemplificam a importância do apoio familiar. Essa conexão sólida nos fortalece em momentos de alegria e superação e nos dão a força necessária em todas as fases da vida. Você também sente que a sua família é um pilar em momentos difíceis? Compartilhe suas histórias nos comentários!

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As histórias da minha avó Alice e de sua família sempre me fizeram refletir sobre o verdadeiro valor da rede de apoio que existe em torno de nós. Em tempos de dificuldades, é essa teia invisível de afeto e cuidado que mantém as pessoas unidas, oferecendo suporte emocional e fazendo com que os momentos desafiadores se tornem mais leves. Minha avó viveu intensamente essa dinâmica, como filha, irmã e mãe. Mas um dos laços mais especiais que ela vivenciou foi o que se formou entre meu pai e o avô, Alexandre, que desempenhou um papel fundamental como figura paterna.

Após a separação dos meus avós, minha avó voltou a morar com sua mãe, minha bisavó Albertina. Embora tenha sido uma fase desafiadora, esse retorno às origens foi também um reencontro com a força da família. A rede de apoio que se formou foi essencial, especialmente para o meu pai, que encontrou no avô uma figura carinhosa e presente. Meu bisavô Alexandre assumiu um papel fundamental na vida do meu pai, oferecendo não apenas cuidados, mas também amor e segurança em momentos importantes de sua infância, criando laços que marcaram para sempre essa relação.

O bisavô Alexandre era aquele avô que todo mundo sonha em ter: carinhoso, presente e disposto a fazer de tudo para ver o neto feliz. Ele até comprou um carro só para poder levar meu pai para passear e passar mais tempo juntos. Esse gesto simples, mas tão significativo, reflete como, em meio às dificuldades, uma rede de apoio familiar pode transformar a vida de uma criança e construir memórias duradouras. Meu pai sempre conta histórias sobre o avô Alexandre com um carinho imenso. Eu, infelizmente, não conheci nenhum dos meus bisavós, mas, por tudo o que ouço, percebo a influência que ainda têm em nossas vidas.

Além do avô, as irmãs da minha avó também foram figuras importantes nessa rede de apoio. Cema (Iracema) e Dada (Cleopatria) estavam sempre por perto, sendo grandes companheiras de minha avó e muito carinhosas com meu pai. Eles mantinham uma relação próxima e as tias desempenharam um papel fundamental na vida dele, oferecendo não só amor, mas também segurança e acolhimento.

Como irmãs, a tia Dada e a tia Cema também sempre estiveram presentes. As três eram parceiras inseparáveis e compartilhavam confidências e preocupações. A Galeria Bocchino, localizada no centro de Jundiaí, era um dos lugares preferidos onde minha avó e minhas tias-avós se encontravam e passavam horas conversando e compartilhando histórias. Essas idas ao centro eram muito mais do que simples compras; eram momentos de conexão, onde cada uma oferecia à outra o apoio de que precisava, seja com palavras de incentivo, conselhos ou apenas com a presença acolhedora.

Enquanto isso, o irmão Osvaldo estava em Porto Alegre, vivendo uma vida mais distante fisicamente, mas ainda presente nas cartas que trocava com minha avó. Mesmo sem o contato diário, o carinho e o respeito mantinham o elo entre eles, provando que a rede de apoio pode ser sentida mesmo à distância.

O Papel da Rede de Apoio no Direito de Família

Quando falamos de Direito de Família, muitas vezes nos concentramos em aspectos legais como patrimônio e sucessão. Mas o que a história da minha avó Alice nos ensina é que, além dos bens materiais, o que realmente sustenta uma família em momentos difíceis é a rede de apoio formada por seus membros.

A presença de um avô que desempenha o papel de pai, de irmãs que se ajudam mutuamente em momentos difíceis, e de tios e primos que estão sempre por perto, formam uma rede de afeto e segurança que tem um impacto direto no bem-estar familiar. Esses laços são essenciais para garantir que os desafios da vida, como separações e ausências, possam ser enfrentados com resiliência e amor.

Uma rede de apoio familiar bem estruturada traz não só estabilidade emocional, mas também reforça a importância de proteger os vínculos afetivos e o cuidado mútuo. Na prática jurídica, esse suporte pode fazer a diferença em como uma família lida com crises, como uma separação. São as relações construídas no cotidiano, muitas vezes invisíveis aos olhos de quem está de fora, que garantem que, mesmo nos momentos mais difíceis, a família possa seguir em frente.

A história da minha avó Alice e a relação entre meu pai e o avô Alexandre exemplificam a importância do apoio familiar. Essa conexão sólida nos fortalece em momentos de alegria e superação e nos dão a força necessária em todas as fases da vida.

Você também sente que a sua família é um pilar em momentos difíceis? Compartilhe suas histórias nos comentários!

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O LEGADO DE ALICE: “MÃOS DE FADA” QUE BORDARAM VALORES ETERNOS https://liliangaspar.com.br/2024/10/02/o-legado-de-alice-maos-de-fada-que-bordaram-valores-eternos/ https://liliangaspar.com.br/2024/10/02/o-legado-de-alice-maos-de-fada-que-bordaram-valores-eternos/#respond Wed, 02 Oct 2024 13:35:31 +0000 https://liliangaspar.com.br/?p=1905 Agora que vocês já conhecem um pouco da força e determinação da minha avó Alice, uma mulher que enfrentou a vida como mãe solo com coragem e resiliência, quero compartilhar uma outra faceta extraordinária de sua história: seu trabalho como professora de bordado, que a destacou não apenas pela habilidade técnica, mas pela sua capacidade de inspirar e transmitir valores para as gerações futuras. Em dezembro de 1955, entre os dias 14 e 22, minha avó organizou uma exposição de bordados no Salão da Associação Comercial de Jundiaí. O evento foi um sucesso, descrito no jornal local com grande entusiasmo. A notícia elogiava os “valiosos trabalhos” das alunas, destacando a qualidade excepcional dos vestidos, colchas, toalhas e outras peças bordadas com primor. Os visitantes ficaram encantados com a beleza e a técnica, mas também com o carinho e a dedicação que transpareciam em cada ponto. O jornal chamava minha avó de “Mestra com maiúscula”, uma professora incansável que, com suas “mãos de fada”, conseguiu ensinar suas alunas a atingir um alto grau de perfeição. A exposição foi descrita como “uma mostra valiosa de arte da agulha”, e os elogios eram extensivos às alunas, que, sob a orientação da minha avó, exibiram peças que revelavam sensibilidade e inteligência na distribuição de cores e texturas. Até os mais céticos sobre o valor do bordado como arte ficaram impressionados. Essa notícia me fez refletir sobre o impacto que minha avó deixou não apenas no mundo dos bordados, mas no coração de todos que tiveram o privilégio de aprender com ela. Seu legado foi muito além das técnicas de bordado: ela transmitiu valores fundamentais que moldaram minha família e suas alunas – valores de trabalho duro, dedicação, superação, autonomia e paixão pelo que se faz. Esses princípios foram essenciais na vida da minha avó e são um grande exemplo de como o legado familiar não é apenas material. Ele inclui a cultura, as tradições e, sobretudo, os valores que transmitimos de geração em geração. No Direito das Família e Sucessões, falamos muito sobre a importância de planejar o patrimônio para garantir que os bens sejam corretamente transmitidos para os herdeiros. No entanto, a exemplo dessa história da minha avó, o verdadeiro legado de uma família vai muito além dos bens materiais. Ele é composto por memórias, histórias e, principalmente, pelos valores e exemplos de vida que carregamos adiante. Minha avó transmitiu o valor do trabalho árduo, da perseverança diante das dificuldades, da superação dos obstáculos, do respeito às próprias conquistas e do cuidado com os outros. Esses valores são tão preciosos quanto qualquer herança material e, de certa forma, eles ajudam a moldar a forma como lidamos com nosso patrimônio e com nossas relações familiares. São eles que fazem com que a história de uma família continue viva, passando de uma geração para outra. O reconhecimento público que ela recebeu naquela exposição nos anos 50 é um testemunho de como a cultura familiar, os ensinamentos e os valores transmitidos de uma geração para outra são parte fundamental do nosso legado. Assim como no planejamento sucessório, cuidar da transmissão desses bens intangíveis é essencial para garantir que a história da nossa família continue viva. Assim como ela ensinou a suas alunas que cada ponto do bordado exigia paciência, dedicação e um olhar atento, esses mesmos valores se aplicam ao planejamento familiar. A transmissão de um legado exige cuidado, reflexão e a certeza de que os ensinamentos e exemplos deixados ecoarão por gerações. O trabalho incansável de minha avó, a Mestra Alice, pode ter sido mostrado através de vestidos e colchas bordadas com maestria, mas sua herança real está nos valores que nos deixou e no impacto que teve sobre aqueles que aprenderam com ela. Esse é o verdadeiro legado, e é isso que gostaria de continuar transmitindo. E você, já pensou em qual legado está deixando para a sua família? Seja material ou imaterial, cada gesto conta na construção dessa herança.

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Agora que vocês já conhecem um pouco da força e determinação da minha avó Alice, uma mulher que enfrentou a vida como mãe solo com coragem e resiliência, quero compartilhar uma outra faceta extraordinária de sua história: seu trabalho como professora de bordado, que a destacou não apenas pela habilidade técnica, mas pela sua capacidade de inspirar e transmitir valores para as gerações futuras.

Em dezembro de 1955, entre os dias 14 e 22, minha avó organizou uma exposição de bordados no Salão da Associação Comercial de Jundiaí. O evento foi um sucesso, descrito no jornal local com grande entusiasmo. A notícia elogiava os “valiosos trabalhos” das alunas, destacando a qualidade excepcional dos vestidos, colchas, toalhas e outras peças bordadas com primor. Os visitantes ficaram encantados com a beleza e a técnica, mas também com o carinho e a dedicação que transpareciam em cada ponto.

O jornal chamava minha avó de “Mestra com maiúscula”, uma professora incansável que, com suas “mãos de fada”, conseguiu ensinar suas alunas a atingir um alto grau de perfeição. A exposição foi descrita como “uma mostra valiosa de arte da agulha”, e os elogios eram extensivos às alunas, que, sob a orientação da minha avó, exibiram peças que revelavam sensibilidade e inteligência na distribuição de cores e texturas. Até os mais céticos sobre o valor do bordado como arte ficaram impressionados.

Essa notícia me fez refletir sobre o impacto que minha avó deixou não apenas no mundo dos bordados, mas no coração de todos que tiveram o privilégio de aprender com ela. Seu legado foi muito além das técnicas de bordado: ela transmitiu valores fundamentais que moldaram minha família e suas alunas – valores de trabalho duro, dedicação, superação, autonomia e paixão pelo que se faz.

Esses princípios foram essenciais na vida da minha avó e são um grande exemplo de como o legado familiar não é apenas material. Ele inclui a cultura, as tradições e, sobretudo, os valores que transmitimos de geração em geração.

No Direito das Família e Sucessões, falamos muito sobre a importância de planejar o patrimônio para garantir que os bens sejam corretamente transmitidos para os herdeiros. No entanto, a exemplo dessa história da minha avó, o verdadeiro legado de uma família vai muito além dos bens materiais. Ele é composto por memórias, histórias e, principalmente, pelos valores e exemplos de vida que carregamos adiante.

Minha avó transmitiu o valor do trabalho árduo, da perseverança diante das dificuldades, da superação dos obstáculos, do respeito às próprias conquistas e do cuidado com os outros. Esses valores são tão preciosos quanto qualquer herança material e, de certa forma, eles ajudam a moldar a forma como lidamos com nosso patrimônio e com nossas relações familiares. São eles que fazem com que a história de uma família continue viva, passando de uma geração para outra.

O reconhecimento público que ela recebeu naquela exposição nos anos 50 é um testemunho de como a cultura familiar, os ensinamentos e os valores transmitidos de uma geração para outra são parte fundamental do nosso legado. Assim como no planejamento sucessório, cuidar da transmissão desses bens intangíveis é essencial para garantir que a história da nossa família continue viva.

Assim como ela ensinou a suas alunas que cada ponto do bordado exigia paciência, dedicação e um olhar atento, esses mesmos valores se aplicam ao planejamento familiar. A transmissão de um legado exige cuidado, reflexão e a certeza de que os ensinamentos e exemplos deixados ecoarão por gerações.

O trabalho incansável de minha avó, a Mestra Alice, pode ter sido mostrado através de vestidos e colchas bordadas com maestria, mas sua herança real está nos valores que nos deixou e no impacto que teve sobre aqueles que aprenderam com ela. Esse é o verdadeiro legado, e é isso que gostaria de continuar transmitindo.

E você, já pensou em qual legado está deixando para a sua família? Seja material ou imaterial, cada gesto conta na construção dessa herança.

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